terça-feira, 24 de março de 2009

Risco ao jornalismo no Brasil?

Replicando artigo lido na Folha de S.Paulo de hoje.

ONG vê risco para exercício do jornalismo no Brasil
Lista de entidade elenca 14 lugares mais perigosos

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON


O Brasil está entre os 14 lugares mais perigosos do mundo para o exercício da profissão de jornalista, junto de países em guerra, como Iraque e Afeganistão, ou que passam por conflitos civis, caso de Serra Leoa e Somália. A conclusão é do CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), que acaba de divulgar seu levantamento anual.

É o Índice da Impunidade, que elenca os países em que os jornalistas são mortos com regularidade e em que o governo falha ao tentar solucionar os crimes. Em seu segundo ano, traz o Brasil em 13º lugar, à frente da Índia (quanto mais elevada a colocação, piores as condições). Os líderes são Iraque, Serra Leoa, Sri Lanka, Somália e Colômbia.

Para chegar ao ranking, a ONG baseada em Nova York, que defende a liberdade de imprensa no mundo inteiro, divide o número de casos não resolvidos de assassinatos de jornalistas por milhão de habitantes no período de 1999 a 2008. Só entram na lista países com cinco ou mais casos; são considerados não resolvidos os que não resultaram em condenações.

É a estreia do Brasil na lista. "Embora as autoridades brasileiras tenham sido bem-sucedidas em promover ação penal contra alguns assassinos, esses esforços não diminuíram a alta taxa do país de violência mortal contra a imprensa", diz o texto, segundo o qual alguns "jornalistas cobrindo crime, corrupção e política local" encontraram "consequências brutais".

O CPJ afirma que houve cinco assassinatos de jornalistas não resolvidos na última década no Brasil. O relatório cita o de Luiz Carlos Barbon Filho, que em 2003 denunciou um esquema de aliciamento de menores que envolvia vereadores de Porto Ferreira (SP) e foi morto em maio de 2007 num bar da cidade. "Cinco homens, entre eles quatro policiais, estão sendo julgados", diz o CPJ.

Brasil, Colômbia e México são os únicos latino-americanos do ranking, de resto dominado por países do sul da Ásia. Mesmo em zonas de guerra, como Iraque e Afeganistão, é mais provável que o jornalista seja assassinado em decorrência do assunto que cobre no momento que durante combate ou vítima de fogo amigo, diz o comitê.

Nenhum comentário: