quarta-feira, 4 de março de 2009

Série: Sou mulher e adoooro! - Regina Nunes (entrevista)

Conheci essa grande mulher durante o 1o Encontro de Mulheres Líderes . Na hora em que a ouvi palestrando pensei: preciso fazer uma entrevista completa com ela. Não deu outra. No evento mesmo falei com ela rapidamente, peguei contato para o futuro e na mesma semana estava fazendo a entrevista que virou uma conversa super gostosa. Lembro-me muito da ocasião. Adorei a Regina. Lembro que pensei comigo mesma que queria ser um pouco ela quando crescesse...hehehehe quem sabe, quem sabe...

REGINA NUNES - INVESTIMENTO LÍQUIDO E CERTO (entrevista dada em março de 2008)

São 42 anos de vida, mais de 20 de casada, mais de 20 de carreira. Regina Nunes se divide há muito tempo entre múltiplos papéis. Foi precoce e, com determinação, atingiu o sucesso.

Atualmente, ela é a presidente no Brasil da multinacional Standard & Poor's, uma das principais empresas do mundo no provimento de informações para os mercados financeiros, referência em avaliações de risco e análises sobre investimentos.

O caminho até aqui? Foi longo, certamente. Trabalhou nos mercados financeiros de Nova York e Porto Rico. Passou por Citibank, Chase Manhattan e até abriu a própria consultoria, que teve de fechar quando foi convidada para liderar a S&P no Brasil. Trabalho, desafio e superação são palavras que ela definitivamente aprecia.

Já há oito anos à frente da empresa, Regina é uma combinação de paixão e razão. Liderança, mercado financeiro e carreira foram alguns dos temas da entrevista que o Jornal Carreira & Sucesso fez com a executiva.

Jornal Carreira & Sucesso: Como foi o processo de estabilização da carreira? Como alcançou a posição em que está hoje?
Regina: "Eu acho que o processo da minha carreira foi muito mais acontecendo do que planejado. Nunca fui uma pessoa que estava numa posição pensando onde eu estaria amanhã. Eu acho que quem tem muito plano tende a se frustrar. A sua carreira depende do seu trabalho. Eu nunca estou 'relax'. Eu sempre quero mais e sempre acho que dá para ter mais. Gosto de dois pensamentos atribuídos a [Albert] Einstein: 'Muito mais transpiração do que inspiração' e 'Sucesso só vem antes de trabalho no dicionário'. Para mim, é isso. O treino é o principal, e não o jogo. O que me irrita é perceber que eu deixei de fazer alguma coisa. Então, eu sempre procurei espaços, sempre fui muito solícita. Quando me pediram para fazer coisas novas, das mais braçais às mais intelectuais, eu me dispus. Eu faço mais do que o possível. Não agüento quando as pessoas falam: 'eu vou fazer o possível'. Me dá a sensação de falta de esforço. Então, quando você procura, você abre espaços. Trato cada trabalho como sendo o mais precioso do mundo. Por isso acredito que nunca deixei oportunidades passarem e cheguei até aqui."

C&S: Como você avalia os profissionais brasileiros nessa área de investimentos?

Regina: "O mercado brasileiro é composto pelos profissionais mais capacitados do mundo. Isso é um reconhecimento mundial. O Brasil passou por uma série de crises econômicas extremamente fortes. Tem indústria, empresa, recursos naturais e commodities. É uma formação muito diferente de outros países, tem características diferentes. Por isso, o país criou no mercado financeiro dele gente muito ágil e sofisticada. O Brasil teve de se recompor várias vezes com algumas coisas singulares. Por exemplo: passamos por inflação pesada, mas mesmo assim o País nunca se desvinculou da própria moeda para se aliar a outras. A gente tem uma política monetária muito forte. E isso qualifica os profissionais. Tudo isso criou um mercado de gente versátil, ávida por coisas novas, que consegue amanhecer mudando moeda e ainda ganhar dinheiro."

C&S: O quanto é complicado para você lidar com um setor que depende de tanta coisa? Afinal, você mexe com investimentos e riscos...
Regina: "Lidar com um mercado como o do Brasil é muito atrativo. Eu gosto da agitação do Brasil. Acho importante, inteligente e estimulante. Me dá oportunidade de criar e fazer. Eu lido com variáveis em todos os sentidos. Eu gosto de fazer análise de risco porque gosto dos desafios mesmo. Mas eu até acho que também dependo de tanta coisa sobretudo pelo cargo em que estou. Ser líder é se fazer pela mão dos outros. Dependo de muita coisa, sim. Você lidera muitas coisas com as quais você nunca trabalhou. Mas você tem de assumir as responsabilidades. Comigo é assim: meu time ganha, nós empatamos e se perder fui eu que perdi. É o técnico que não acerta quando o time não ganha."

C&S: O que um bom analista precisa ter, na sua opinião?

Regina: "Um analista é um cara muito informado no sentido de educação. Tem de ser estudioso e estudado. Tem também de ser objetivo, conciso. Quando você começa uma análise de risco, você vai ter uma série de opiniões de terceiros. E isso você tem de saber filtrar. Você não pode ser influenciável. Ele tem de ter muita opinião, e embasada. O bom analista é aquele que consegue fazer com que a opinião dele seja a maioria."

C&S: Como é ser mulher líder no Brasil?
Regina: "Há horas que são extremamente difíceis. O poder é solitário. Na hora de decidir de verdade, mesmo que muita gente te ajude, pelo menos para mim, na hora de tomar uma decisão importante é você quem vai fazer e é você quem arca com aquela responsabilidade. Você não pode ser insegura. De qualquer forma, eu sou uma líder bastante emocional. Eu tenho uma afinidade brutal com as pessoas quando elas têm como objetivo principal o sucesso da nossa empresa. Eu sou uma apaixonada e intensa."

C&S: Mas como conciliar a Regina mãe, esposa e presidente da Standard & Poor's? Você já se viu enlouquecida por ter tantos papéis?

Regina: "Sim, sim. Eu sou a equilibrada menos centrada que eu conheço (risos). Mas eu tenho muito claro o que é prioridade. Tem momento que é emergente cuidar dos filhos, tem momento que é emergente se dedicar somente ao trabalho. E o que eu penso é que fui eu quem quis tudo isso. Eu quis casar, ter filhos, ter cachorro, ter uma carreira. Se você está bem estruturado, você consegue segurar."

C&S: Você se considera uma pessoa feliz e de sucesso?
Regina: "Com certeza! Eu gosto muito do que eu faço. Mas eu sou a minha família. Para eu ser feliz, minha família tem De estar feliz. Até o momento eu tenho muito sucesso. Mas quer saber o que é sucesso no futuro pra mim? Meus filhos serem felizes."

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